quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

- O caderno -



No canto de um velho e sombrio caderno de rascunho

O tempo e suas crises nostálgicas, cheio de amnésias sentimentais.
Quando me vejo fortalecida por influências utópicas, conscientes de riscos e razões.
Já não há mais ritmo nem sentido, é como se um velho caderno de rascunho, me torturasse até o último sentido.
Tenho medo que o tempo que passou, não tenha passado pra você.
Nesse tempo de crises nostálgicas, tenho em minhas mãos rascunhos velhos e sinceros de uma paixão, que como um rum barato alimenta essa dor salgada de praia e luar.
É um caderno meandroso, confuso de idéias e sentimentos. Poemas sombrios, notas e preços, um velho amor, um novo amor, nenhum amor... Um diário? Talvez.
Desenhos marcantes, artes, recados e rasuras. Um tormento!
Mas ainda nesse caderno, encontrei em um cantinho meio apagado algo que me fez acordar.
A solução para o fim dessa história. Qual?
Lá vai!
Em 26 de Novembro de 2008, escrevi o “ Poema T ” sobre Isabel e O- Mar. Que se evolui basicamente assim:

Isabel e O -Mar
Era uma tarde de Domingo, e Isabel havia saído para ver o mar
O mar é aquele que sem medo ou dó, engoliu Isabel como uma tempestade
Na areia do mar, ela conheceu a história da vida
Nas profundezas, compreendeu o que foi Adão e Eva

A voz de Isabel ensurdecia os peixes que passavam por perto e contemplavam aquela cena!
Sem querer, a velocidade e a força do mar começaram a aumentar,
Deixando Isabel completamente louca
Minutos depois aquela jorrada,
E lá estava, Isabel deitada na areia da praia...
Olhando o mar na espera de uma nova tempestade.
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No canto daquele sombrio caderno, havia palavras gritantes:

Acorda, é hora de ir. Já esgotou o tempo! Tenho que partir.
O sol daqui a pouco vai nascer, e como um louco voltarei com ele a cada amanhecer.
Nas noites de luar, será impossível esquecer o brilho do seu olhar.
Tão poucas mil e uma Mila, e uma história de uma tempestade de verão molhando Isabel (...)

O porquê das reticências no final? Não sei. Espero que ele tenha um bom motivo pra isso!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sem palavras

Último Blues

Essa menina que você seduz
E um dia depois
Sem mais nem mais, esquece
Ela, no fundo, é uma atriz
Quando beija a sua boca
E nada acontece

Essa menina que você seduz
Agora é uma atriz
Saída de outra peça
Chamada "Doces Ardis..."
Quando beija a sua boca
Ela começa a fraquejar
Por onde anda a sua mão
Você só quer se aproveitar
E ela delira
Rodopiando no salão
Os dois parecem um casal
Mas é mentira

Essa menina pode ir pro Japão
Na vida real
Você é quem enlouquece
Apaga a última luz
E nos cantos do seu quarto
A figura dela fosforesce
Ao som do último blues
Na Rádio Cabeça
Se puder esqueça
A menina que você seduz

Chico Buarque de Hollanda

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

. Essa é pra você .

Delírios de uma noite de domingo


Passo o dia pensando como está você.
Se dormiu bem na noite passada;
Se está usando filtro solar;
Com quem você está;
Se secou mais uma garrafa de rum.
Enfim, não paro de pensar em você.
Entre músicas e versos que busco para amenizar essa saudade, há uma enorme variedade de frases que insistem em me fazer chorar.
São palavras gritantes que me contrariam ao dizer que “O verdadeiro sentimento é o que está dentro, não importa a distância”. Que equívoco, a distância importa sim!
As frases tentam calar aquelas noites estreladas, em que astros hiperativos dançavam a cintilar todo céu de purpurina.
Já o mar quase passivo, um tanto medonho, simbolizava a intensidade e imensidão daqueles momentos.
Uma fogueira à beira-mar, queimava as expectativas de qualquer energia ruim que ousasse nos atingir, pois dentro dela ardia um novo e puro e sentimento.
Nas ruas pela madrugada fria, brisávamos blues e reggaes que ecoavam como sinos assanhados em plena cerimônia matrimonial.
Quero que pare essa música agora!
Cale atabaques, violões, sanfonas e rabecões. Façam silêncio! Eu preciso escutar o grito melancólico da gaita. Chora!
Chora meu peito, chora minha alma, quando lembro de ti acolhido em meus braços ou deitado sobre minhas pernas, enquanto essas mãos que agora escreve acariciavam os seus finos cabelos.
Chora gaita, essa tristeza que me faz feliz em saber que sou por ti.
São brutas músicas que quebram o compasso de um sentimento que se banhou em luares minguantes e cheios.
Cala-te, não cante besteiras!
Cala-te porque eu preciso dele aqui. Aqui tão perto, aqui tão sólido, aqui tão vulnerável, sereno e intenso.
Eu preciso daquele turbilhão de carinho, respeito e caráter, aquela essência, aquele furacão. Eu preciso!
Pedi então pra Jah te transformar em pó como a purpurina lá do céu.
Pra que?
Pra que você coubesse inteirinho dentro do meu estreito e complicado peito, assim não sobraria nenhum vestígio seu fora de mim, mas não basta! Eu preciso ter você bem mais que dentro.


Milla Prtz