terça-feira, 19 de maio de 2009

-- Lógica Capitalista --




E para intertextualizar esse absurdo, um fragmento do texto: "Um Mundo de Paradoxos", Folha de São Paulo, 10 de março de 2000


Severo Gomes era ministro da Indústria e Comércio e recebeu um relatório de um grande laboratório internacional, destinado a seus acionistas, justificando os seus lucros baixos naquele ano: "O inverno foi muito fraco e, com o tempo bom, não tivemos a incidência de pneumonia nem complicações respiratórias. Os casos de gripe foram muito aquém de nossas previsões e os gastos com anúncios sobre nossos produtos, excessivos. Assim, pedimos a compreensão dos nossos acionistas para os baixos lucros, que não foram decorrentes da falta de esforço de nossos executivos". E continuava: "Contudo, as perspectivas de melhoria são excelentes. Todas as previsões meteorológicas indicam que vamos ter um rigoroso inverno, com novos vírus gripais, não sendo descartada a hipótese de incidência de epidemias. Assim, o volume de consumo dos nossos medicamentos vai ser muito grande e explosivo, compensando o fraco desempenho deste ano". Severo deu-me conhecimento do relatório e uma boa risada, advertindo que essa é a lógica capitalista".


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Mansão: R$ 498732487,00
Iate: R$ 8274823987,00
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Ferrari R$ 100987,00

Vida: Não se compra!

Será mesmo?

Isso me faz lembrar daquela piadinha..."Fulano foi ao inventor da vacina contra a varíola, mas a doença não existia. Então ele inventou a varíola e ficou milionário".

rsrsrsrrsrs (NÃO TEM GRAÇA!)

Pra mim a cura da AIDS já foi encontrada há muito tempo, mas imagine como ficariam os empresários que comercializam os coquitéis? Tadinhos!

O capitalismo é o sistema, produtor de mercadorias, reproduzindo-se no mercado. Marx, diz que somos dependentes da mercadoria, e não o contrário. Ou seja, o ser humano se tornou uma consequência da produção de mercadorias, isso quando Marx escreveu " O Capital "(1867).

As coisas "evoluíram" tanto que hoje somos as próprias mercadorias. Somos objetos de alienação midiática, para a propagação da potência do comercial, creio que a mídia, seja ela qual for, é a maior vilã de abuso
de referências para o consumo - consuma-se...consumem-se...consumo-te -


Fica a sensação de um terrível abuso, e a doce frase: " Há males que vem para o bem!"

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Carta de Repúdio

Eunápolis, 25 de março de 2009


Aos Srs. Cidadãos Eunapolitanos


Eu sinto a carne tremer, o forte cheiro de ódio, sinto dor nos meus ossos, paralisia constante. Onde eu estou agora? Estou num ponto de ônibus na linda cidade de Eunápolis. Dependo completamente da bondade burguesa dos ônibus da empresa Eunapolitana. Chego a ficar horas esperando alguma linha para que eu possa chegar até o meu destino, e não tenho sangue de barata!

Repudio qualquer falta de respeito com o consumidor, quanto mais a um consumidor de muitos anos, que paga caro para usufruir dos mínimos serviços que oferecem. A condição mecânica dos veículos é gritante até mesmo para quem não entende do assunto. A boa aparência e o conforto não existem, sem contar da imprudência de alguns motoristas.

Como se já não fosse um absurdo, tenho que desfrutar do mau-humor dos cobradores, que em vez de apaziguar toda uma situação desconfortável, agem como ditadores. Não é exagero não, e muito menos sensacionalismo, isso se chama descontentamento. Cheguei a perder compromissos impreteríveis, que me causaram sérios danos, e não houve quem me remunerasse.

No fim do ano, houve um aumento de 25% da tarifa, um absurdo, pois não teve nenhuma mudança significativa para tal modificação; as linhas, os horários e o tec-tec dos ônibus continuaram os mesmos. Mas para a minha surpresa, fui informada que a empresa acabara de ser vendida para o atual prefeito da cidade, que por grande coincidência já está com seu mandato ao fim.

A sensação que tenho é que estou vivendo em pleno século XXI em uma sociedade Absolutista, onde o poder está concentrado na mão de um só – quando na verdade são vários –,tomado pelo monopólio comercial e sua “bondosa” burguesia. Estou só nessa viagem?


Atenciosamente,



Camila Prtz Simões

Tirinhaas





No princípio era o verbo, mas agora...

Eu gosto de verbar, diz o Calvin
Tu gosta de verbardes? Que isso Maria?
Ele gosta de verbar
Nós num sabe verbar...
Vós sabeis verbar?
Só o Antônio e o Calvin sabem!
...Com o tempo conseguiremos tornar o Brasil um país "preconceituar"

Milla Prtzt

Carta aos Professores do IF-BA

Eunápolis, 25 de março de 2009



Aos Srs. Professores do IF-BA Campus Eunápolis

Se (você é daquele tipo de professor que não aceita opinião de ninguém e não gosta de ser questionado) então
Escreval(“Nem leia essa carta”)
Senão
Escreval(“Obrigada pelo carinho”)
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Fim_se

Já perdi a conta de quantos brincos eu já tive, já perdi celular, já esqueci a compra no supermercado logo depois de ter pagado, já esqueci até a data do meu próprio aniversário. Mas o que não deu pra esquecer mesmo, por mais que eu quisesse, foram os meus professores. Ê povinho difícil viu? Eu lembro da tia Marinalva do Jardim 1, isso para uma memória afetada como a minha é muita coisa.

Professores, vocês não fazem idéia de como conseguem marcar a nossa vida em tão pouco tempo. Vocês são como componentes de uma família, querem ver?

Existem professores irmãos, que são aqueles que estão sempre do nosso lado, te enche a paciência, te chama de psicopata, infeliz, seqüela, mas no fundo você sabe que “aquilo” não passa de um ser tentado pelo espírito do coisa lá...(risos)
Existem os professores pais, aqueles que dizem te amar, porém você custa a entender aquela forma de amor, que parece muito mais carrasco.
Existe também o gênero dos avós, composto por aquele tipo de professor que mima o aluno em tudo, ele passa um trabalho pro dia 29 de fevereiro, e se o aluno esquece... ele deixa entregar no dia 31 de fevereiro, por exemplo! Mas dentro desse gênero há uma espécie bem diferente, que são os bisavos, estes são tradicionais até a alma, e se o uso da palmatória não tivesse sido extinguido usariam até hoje.
Existem os professores filhos, “Filhos de uma P...” são mal humorados, infelizes no que fazem, trabalham sem amor, e pro azar dos coitados alunos, não sabem ensinar!
Mas até hoje eu só conheci um professor “Neto”, que professor incrível, nunca vi ninguém amar tanto o que faz como ele, é uma coisa violenta filho, parece que ele pega o estilete abre o seu cérebro e enche de números e letrinhas chamadas de álgebra com muita clareza!

Se você é do tipo rigoroso com as regras textuais, deve estar se contorcendo ao ler essa carta. Afinal, como pode uma pessoa cursando esse nível escolar, escrever um texto assim? Saiba que eu pesquisei e o professor lá disse que a carta é um texto livre, que só vai exigir um procedimento formal a depender do destinatário. Mas mesmo assim, você continua a se contorcer reclamando: E esse primeiro parágrafo aí? Se é que eu posso chamar isso de parágrafo! Eu te respondo: - Se Paulo Leminski pode, por que eu não posso? E nem venha com essa idéia de licença poética, você sabe se eu não sou uma poetiza? Quanto ao meu primeiro parágrafo, que coisa mais linda, nele faço uma homenagem ao professor que me ensina lógica de programação através de um algortimo.

Professores e Professoras, a sua profissão é base para a formação de qualquer sociedade. Pois o professor é um educador, isso vai muito além do que entrar em uma sala de aula e encher o quadro com letras, números e mapas que parecem mais amebas.

Sintam-se vitoriosos. Pois num país como nosso, em que a educação é priorizada e paradoxalmente a forte evidência do descaso, a desvalorização do educador, encontramos professores que amam o que fazem, e compartilham o conhecimento em prol do desenvolvimento.

Sinto-me obrigada a agradecer pelos benefícios que a sua profissão proporciona a minha pessoa e à sociedade como um todo.

Atenciosamente,



Camila Hannah Sampaio Prtz Simões

quarta-feira, 11 de março de 2009

Romantismo

O romantismo de Fagner


Escrito por Fagner, artista que compõe o grupo da Música Popular Brasileira, escreveu o texto “Borbulhas de amor”, que é um texto que expressa puro romantismo e sentimentalismo.
O subjetivismo explícito na colocação dos verbos em primeira pessoa nos traz características marcantes do Romantismo, que surgiu na Europa no século XVIII que perdurou por grande parte do século seguinte.

Para compor as características literárias, encontramos a idealização, com idéias utópicas, exageros e uma imaginação bem empolgada. Vemos fortemente no texto também, a natureza interagindo com o eu – lírico,e para temperar o texto com todo o romantismo, é possível perceber leves traços de Byronismo, que de forma subliminar expressam certo pessimismo e apologia ao sexo. É simplesmente um texto incrível, romântico e romantista.

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Borbulhas de Amor

Tenho um coração
Dividido entre a esperança
E a razão
Tenho um coração
Bem melhor que não tivera...

Esse coração
Não consegue se conter
Ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura...

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti...

Um peixe
Para enfeitar de corais
Tua cintura
Fazer silhuetas de amor
À luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti...

Canta coração
Que esta alma necessita
De ilusão
Sonha coração
Não te enchas de amargura...

Uma noite
Para unir-nos até o fim
Cara-cara, beijo a beijo
E viver
Para sempre dentro de ti...

Linguagem

Adélia Prado uma grande linguaruda!


Adélia Prado é uma escritora contemporânea que de um modo fantástico, tece a arte literária com teologia. Talvez você esteja se perguntando: - Ela faz poesia religiosa? Não! Para Adélia a poesia que é religiosa, sagrada, independente de crença alguma.

“Dado que a existência espiritual do homem é a própria língua, o homem não pode comunicar-se através dela senão nela”

A linguagem é um documento humano profundo, e através da palavra, seja ela escrita ou falada, é possível dar fixação às coisas – vida, morte, crenças, amores, fantasias –.
A nossa Adélia acredita que a linguagem tem como matéria a textualidade divina do quotidiano.

Um dos poemas dela que podemos sentir essas características de forma explícita, é: Antes do Nome.
O próprio título já nos propõe inquietações quanto à linguagem, a escrita e a concretização do “comum” através das palavras.



Antes do Nome

Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o, ”aliás,"
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.

(Adélia Prado)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

- O caderno -



No canto de um velho e sombrio caderno de rascunho

O tempo e suas crises nostálgicas, cheio de amnésias sentimentais.
Quando me vejo fortalecida por influências utópicas, conscientes de riscos e razões.
Já não há mais ritmo nem sentido, é como se um velho caderno de rascunho, me torturasse até o último sentido.
Tenho medo que o tempo que passou, não tenha passado pra você.
Nesse tempo de crises nostálgicas, tenho em minhas mãos rascunhos velhos e sinceros de uma paixão, que como um rum barato alimenta essa dor salgada de praia e luar.
É um caderno meandroso, confuso de idéias e sentimentos. Poemas sombrios, notas e preços, um velho amor, um novo amor, nenhum amor... Um diário? Talvez.
Desenhos marcantes, artes, recados e rasuras. Um tormento!
Mas ainda nesse caderno, encontrei em um cantinho meio apagado algo que me fez acordar.
A solução para o fim dessa história. Qual?
Lá vai!
Em 26 de Novembro de 2008, escrevi o “ Poema T ” sobre Isabel e O- Mar. Que se evolui basicamente assim:

Isabel e O -Mar
Era uma tarde de Domingo, e Isabel havia saído para ver o mar
O mar é aquele que sem medo ou dó, engoliu Isabel como uma tempestade
Na areia do mar, ela conheceu a história da vida
Nas profundezas, compreendeu o que foi Adão e Eva

A voz de Isabel ensurdecia os peixes que passavam por perto e contemplavam aquela cena!
Sem querer, a velocidade e a força do mar começaram a aumentar,
Deixando Isabel completamente louca
Minutos depois aquela jorrada,
E lá estava, Isabel deitada na areia da praia...
Olhando o mar na espera de uma nova tempestade.
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No canto daquele sombrio caderno, havia palavras gritantes:

Acorda, é hora de ir. Já esgotou o tempo! Tenho que partir.
O sol daqui a pouco vai nascer, e como um louco voltarei com ele a cada amanhecer.
Nas noites de luar, será impossível esquecer o brilho do seu olhar.
Tão poucas mil e uma Mila, e uma história de uma tempestade de verão molhando Isabel (...)

O porquê das reticências no final? Não sei. Espero que ele tenha um bom motivo pra isso!