quarta-feira, 11 de março de 2009

Romantismo

O romantismo de Fagner


Escrito por Fagner, artista que compõe o grupo da Música Popular Brasileira, escreveu o texto “Borbulhas de amor”, que é um texto que expressa puro romantismo e sentimentalismo.
O subjetivismo explícito na colocação dos verbos em primeira pessoa nos traz características marcantes do Romantismo, que surgiu na Europa no século XVIII que perdurou por grande parte do século seguinte.

Para compor as características literárias, encontramos a idealização, com idéias utópicas, exageros e uma imaginação bem empolgada. Vemos fortemente no texto também, a natureza interagindo com o eu – lírico,e para temperar o texto com todo o romantismo, é possível perceber leves traços de Byronismo, que de forma subliminar expressam certo pessimismo e apologia ao sexo. É simplesmente um texto incrível, romântico e romantista.

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Borbulhas de Amor

Tenho um coração
Dividido entre a esperança
E a razão
Tenho um coração
Bem melhor que não tivera...

Esse coração
Não consegue se conter
Ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura...

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti...

Um peixe
Para enfeitar de corais
Tua cintura
Fazer silhuetas de amor
À luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti...

Canta coração
Que esta alma necessita
De ilusão
Sonha coração
Não te enchas de amargura...

Uma noite
Para unir-nos até o fim
Cara-cara, beijo a beijo
E viver
Para sempre dentro de ti...

Linguagem

Adélia Prado uma grande linguaruda!


Adélia Prado é uma escritora contemporânea que de um modo fantástico, tece a arte literária com teologia. Talvez você esteja se perguntando: - Ela faz poesia religiosa? Não! Para Adélia a poesia que é religiosa, sagrada, independente de crença alguma.

“Dado que a existência espiritual do homem é a própria língua, o homem não pode comunicar-se através dela senão nela”

A linguagem é um documento humano profundo, e através da palavra, seja ela escrita ou falada, é possível dar fixação às coisas – vida, morte, crenças, amores, fantasias –.
A nossa Adélia acredita que a linguagem tem como matéria a textualidade divina do quotidiano.

Um dos poemas dela que podemos sentir essas características de forma explícita, é: Antes do Nome.
O próprio título já nos propõe inquietações quanto à linguagem, a escrita e a concretização do “comum” através das palavras.



Antes do Nome

Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o "de", o, ”aliás,"
o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infreqüentíssimos,
se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.
Puro susto e terror.

(Adélia Prado)