segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Memorial CEFET

Certidão de Nascimento


Vi crescer ao decorrer dos anos uma Camila, que não é Hanna nem Sampaio, nem Prates, muito menos Simões. Papai e mamãe nunca me incentivaram a ler, então eu não pensava. Logo, eu não existia. Existia, está no pretérito, não é perfeito? A tia do ABC me ensinou. Hoje insisto que existo! E se existo não foi através da perfeição do pretérito nem a análise da mórfo. Foi por não ter deixado mofar meu amor na prateleira, que encontrei a razão do existir.

Me disseram que os meus primeiros passos foram dados quando eu tinha apenas 9 meses de idade, que equívoco! O primeiro passo foi quando conheci o Pequeno Príncipe, ele me levou a lugares que nunca imaginei alcançar. O próximo passo foi na Direção do Oriente, onde o sol batia todo dia na janela do quarto de Soraya, uma jovem judia que vivia na Iugoslávia. No terceiro passo encontrei Poliana eu a vi menina e moça, e fui andando sem pensar em voltar e sem lembrar do que me aconteceu, ouvia sempre a Rita Lee a cantar e foi assim que a Camila cresceu.

E ela andou, andou, andou... E quando chegou lá diante, encontrou O Grande. Ele parecia faminto e sedento, como um leão em busca da presa. O Leão lutou comigo para expulsar Alien, o predador, que um dia duvidou que a fé menina, pudesse ocupar o seu lugar na sociedade, e para provar isso aqui estou. Há quem diga que as analogias são inúteis. E na cara mais dura pergunto: O Alien andou te comendo?

Se o Alien comeu eu não sei, mas com o passar do tempo, quem andou me comendo foi o tempo, comendo frio, ainda por cima. Serei sempre grata ao tempo, através dele aprendi o verdadeiro brilho do espelho, provei das doces jabuticabas, aprendi que com o tempo eu aprendo que tudo que eu sei pode morrer, numa transversal do tempo. Tempo, tempo, tempo.

Assustei-me quando vi aquela legião de gente urbana, chorar de fome, gritar por igualdade e clamar por justiça. O sujeito não era passivo, sempre ativo. Ferréz em nome da Legião Redondo, montava o manual prático do ódio em busca do amor. E eu que não sou objeto, direto estava nas bricolagens, nas abordagens, nas discussões entre as melhores amizades.

O que os meus olhos viam, meu coração sentia, a cabeça sacudia e boca gritava!A boca, poderia estar de Rouge e meu Pai aí ó, só a reclamar, porque segundo Javé, quem usa Rouge na boca acaba indo pro vale, onde quem vai julgar não tem nada a ver com Nuremberg. Afinal a vida lá não passa de 7 minutos.

Tudo estava tranqüilo até que o Incidente aconteceu, e não foi em Antares não, foi na pacata e violenta cidade de Eunápolis. Que aprendi usar o paradoxo, que antes a Íntese só tinha uma META. Fora procurar a Lingüística, mas não deu a nímia. Assim com o decorrer do tempo, vi no espelho uma Camila Drummond Quintana Ferréz Paiva Fonseca Prado Lispector Veríssimo Meireles Fernandes Pessoa da Silva.

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